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10 outubro 2025

Afinal, o que é Maçonaria?

Entre Mitos e Verdades

Muitos se perguntam: o que é a Maçonaria? Uma seita? Uma fraternidade? Religião? Associação? Com o crescimento das redes sociais como principal meio de comunicação e informação, a Maçonaria — uma das organizações mais antigas e discretas do mundo — passou a ser alvo de uma enxurrada de interpretações equivocadas, teorias conspiratórias e julgamentos infundados. Embora a fraternidade tenha como pilares a ética, a filantropia e o aperfeiçoamento pessoal, o ambiente digital nem sempre reflete essa realidade.

Papa Clemente XII. Copilot.

Historicamente, a Maçonaria enfrentou resistência institucional. Em 1738, o Papa Clemente XII, através da bula In eminenti apostolatus specula, proibiu os católicos de serem membros de Lojas Maçônicas, alegando incompatibilidade entre os princípios maçônicos e os da Igreja. Embora essa proibição tenha sido reiterada por outros papas, a excomunhão não foi mencionada no Código de Direito Canônico de 1983, ainda que a Igreja mantenha sua posição contrária à participação de católicos na Maçonaria.

No Brasil Império, quando o catolicismo era a religião oficial e não havia templos para outras crenças, a Maçonaria ofereceu suas Lojas como espaço para cultos diversos. Isso se deve ao princípio de aceitação universal da instituição: todo homem livre, de bons costumes e que creia em um Deus único é bem-vindo, independentemente de sua religião.

Segundo Winetzki (2021), “a Maçonaria é uma instituição que preza pela discrição, mas não pelo segredo absoluto. A falta de compreensão sobre seus símbolos e rituais alimenta especulações infundadas”. Nas redes sociais, especialmente no YouTube, proliferam definições distorcidas: “seita ou culto satânico”, “sociedade secreta com intenções nefastas”, “elitismo e favoritismo”, entre outras. Nenhuma dessas interpretações reflete a verdadeira essência da Maçonaria.

Afinal, o que é a Maçonaria? É uma instituição filosófica e fraternal que visa o aprimoramento moral e intelectual de seus membros, com base em valores universais como liberdade, igualdade e fraternidade. Seu objetivo é contribuir para um mundo melhor, por meio do desenvolvimento pessoal e coletivo. Segundo a Loja Brasília nº 1693 (2023), “a Maçonaria não é uma religião, tampouco uma seita. É uma instituição filosófica que busca o aprimoramento moral e intelectual de seus membros, com base em valores universais”. A Confederação Maçônica do Brasil (COMAB) complementa: “a Maçonaria é uma organização fraternal que tem como princípio básico o amor fraterno, a prática da caridade e a busca da Verdade”.

Pode parecer utópico desejar um mundo melhor para todos, especialmente em tempos marcados por guerras, intolerâncias e crises éticas. No entanto, é justamente nesses momentos que instituições como a Maçonaria se tornam ainda mais relevantes, oferecendo ferramentas simbólicas, filosóficas e práticas para inspirar transformação e consciência.

Um dos ensinamentos fundamentais da Maçonaria, já no primeiro grau, é a busca pela Verdade. Essa tarefa se torna cada vez mais desafiadora diante das tecnologias atuais, como a inteligência artificial, que permite a criação de vídeos e imagens extremamente realistas, dificultando a distinção entre o verdadeiro e o falso. A responsabilidade de investigar e refletir antes de replicar informações é, portanto, mais urgente do que nunca.

Como qualquer instituição, a Maçonaria também está sujeita ao uso indevido de seu nome por indivíduos movidos por interesses pessoais. Um exemplo foi o chamado “Escândalo da Maçonaria”, ocorrido entre 2003 e 2005, quando uma investigação revelou o desvio de R$ 1,4 milhão dos cofres da Justiça de Mato Grosso para uma loja maçônica. Dez magistrados foram aposentados compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora alguns tenham sido posteriormente reintegrados por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ministro Nunes Marques, “não haveria coerência entre a gravíssima penalidade aplicada e as conclusões fáticas e jurídicas edificadas no inquérito penal e no inquérito civil de improbidade administrativa, ambos arquivados pelo Parquet” (MIGALHAS, 2024).

Esse caso demonstra que a responsabilidade deve recair sobre os indivíduos e não sobre a instituição em si. A Maçonaria, como qualquer organização, pode ser mal interpretada ou mal utilizada, mas seus princípios permanecem voltados ao bem comum, à ética e à construção de uma sociedade mais justa.

Exclusão de Membros da Maçonaria

Embora a Maçonaria seja uma instituição que valoriza o aperfeiçoamento moral e intelectual, há casos em que membros são excluídos da Ordem. Essa exclusão não ocorre de forma arbitrária, mas segue critérios éticos e estatutários rigorosos. Os principais motivos que podem levar à exclusão de um maçom incluem:

  • Violação dos princípios maçônicos, como desrespeito à ética, à fraternidade ou à verdade;
  • Condutas incompatíveis com os valores da Ordem, como envolvimento em crimes, corrupção, violência ou discriminação;
  • Desrespeito às regras internas da Loja, como insubordinação, quebra de sigilo ritualístico ou comportamento desagregador;
  • Falta de assiduidade e comprometimento, quando o maçom deixa de participar das atividades sem justificativa por longos períodos;
  • Utilização indevida do nome da Maçonaria para fins pessoais ou políticos, o que compromete a imagem da instituição.

Essas medidas visam preservar a integridade da Ordem e garantir que seus membros estejam alinhados com os ideais de construção de um mundo mais justo, ético e fraterno. A exclusão, portanto, é sempre uma medida extrema, precedida de análise criteriosa e, em muitos casos, de oportunidades para correção de conduta.

Conclusão

A Maçonaria é uma instituição filosófica, fraternal e iniciática que busca o aperfeiçoamento moral e intelectual de seus membros. Apesar de sua discrição, ela não é secreta, tampouco maléfica. A desinformação nas redes sociais contribui para a disseminação de mitos e preconceitos, mas cabe a cada indivíduo buscar a verdade com responsabilidade. 

Como qualquer organização humana, está sujeita a desvios individuais, mas seus princípios permanecem voltados à construção de um mundo mais justo, ético e fraterno. A exclusão de membros que não respeitam esses princípios é uma forma de preservar a essência da Ordem e garantir sua continuidade como espaço de evolução pessoal e coletiva.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

COMAB. Confederação Maçônica do Brasil. Disponível em: https://comab.org.br/. Acesso em: 09 out. 2025.

LOJA BRASÍLIA Nº 1693. Estatuto Social. Disponível em: https://lojabrasilia.com.br/bem-vindo/estatuto-social/. Acesso em: 09 out. 2025.

TERRAEscândalo da Maçonaria: juíza reintegrada após aposentadoria compulsória vai receber R$ 5,8 mi. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/escandalo-da-maconaria-juiza-reintegrada-apos-aposentadoria-compulsoria-vai-receber-r-58-mi,47a52f9e8f1c61bc879500e5e24e06621jgr50ng.html. Acesso em: 09 out. 2025.

WINETZKI, Michael. Definição de Maçonaria. Disponível em: https://www.michaelwinetzki.com.br/2021/03/. Acesso em: 09 out. 2025.

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