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07 outubro 2025

Arthur St. Leger

Um Visconde que Abriu Caminhos para a Mulher na Maçonaria

Arthur St. Leger. Copilot.
Para contar a HISTÓRIA DAS MULHERES NA MAÇONARIA, é essencial reconhecer que essa trajetória não se construiu apenas por mãos femininas. Diversos homens atuaram como aliados, defensores e impulsionadores da inserção da mulher nas Lojas Maçônicas, enfrentando resistências e rompendo paradigmas dentro de uma tradição historicamente masculina. Começaremos apresentando Arthur St. Leger, pai de Elizabeth Aldworth.

Arthur St. Leger, nascido por volta de 1650, foi uma figura aristocrática irlandesa que desempenhou um papel singular e inesperado na história da maçonaria feminina. Elevado ao título de 1º Visconde de Doneraile em 1703, durante o reinado da Rainha Ana, ele também recebeu o título de Barão de Kilmayden, consolidando sua posição como um dos nobres mais influentes da Irlanda (CONDER, 1895).

Residindo na imponente Doneraile Court, no Condado de Cork, Arthur St. Leger, não apenas exercia influência política e social, mas também era um maçom ativo, envolvido nas atividades da Ordem em que foi iniciado. Sua iniciação provavelmente ocorreu na Irlanda, no início do século XVIII, na Loja Nº 44 de Doneraile, uma loja aristocrática composta por nobres e membros influentes da sociedade local. Embora os registros oficiais da época não tragam a data exata de sua iniciação, há evidências históricas de que ele possuía autorização para realizar reuniões maçônicas em sua residência, reunindo membros da elite local. 

Foi nesse ambiente que ocorreu um dos episódios mais marcantes da história da maçonaria: sua filha, Elizabeth St. Leger, posteriormente conhecida como Elizabeth Aldworth, teria presenciado acidentalmente os rituais de iniciação de uma loja maçônica reunida na biblioteca da casa. Diante da situação, e para preservar os segredos da Ordem, Arthur e os demais membros da loja decidiram realizar a iniciação formal de Elizabeth, tornando-a a primeira mulher registrada como membro da maçonaria regular (CONDER, 1895; WIKIPEDIA, 2025).

Esse ato, embora não tenha sido amplamente documentado nos registros oficiais da maçonaria da época, foi preservado por meio de relatos históricos e memórias familiares. A decisão de Arthur St. Leger de permitir a iniciação de sua filha, em vez de puni-la ou excluí-la, revela uma postura progressista e protetora, que rompeu com os padrões rígidos da sociedade patriarcal do século XVIII.

Arthur faleceu em 1727, deixando como legado não apenas títulos nobiliárquicos, mas também uma contribuição silenciosa e poderosa para a inclusão feminina na maçonaria. Seu gesto, ainda que motivado por circunstâncias excepcionais, abriu caminho para reflexões sobre o papel da mulher na Ordem e inspirou futuras iniciativas de inclusão (CONDER, 1895).

Ao reconhecer figuras como Arthur St. Leger, o Blog da Fênix Nut presta homenagem não apenas às pioneiras como Elizabeth Aldworth, mas também aos homens que, com coragem e sensibilidade, contribuíram para que a presença feminina na maçonaria deixasse de ser tabu e se tornasse realidade.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

CONDER, Edward. The Hon. Miss St. Leger and Freemasonry. Ars Quatuor Coronatorum, Transactions of the Quatuor Coronati Lodge No. 2076, London, 1895. Disponível em: https://freemasonry.bcy.ca/aqc/aldworth.html. Acesso em: 07 out. 2025.

IRISH MASONIC HISTORY. Elizabeth Aldworth (St. Leger) – The Lady Freemason. Disponível em: http://www.irishmasonichistory.com/elizabeth-aldworth-st-leger-the-lady-freemason.html. Acesso em: 07 out. 2025.

13 setembro 2025

Quem foi Elizabeth Aldworth?

Imagem criada pelo Meta AI.

Vida, contexto e tradição da sua iniciação maçônica

Elizabeth St. Leger (mais conhecida como Elizabeth Aldworth ou "Dama Maçônica da Irlanda") nasceu em 1695 em Doneraile, Condado de Cork (Irlanda), e era filha de Arthur St. Leger, Primeiro Visconde Doneraile, e de Elizabeth Hayes. Em 1713 casou-se com Richard Aldworth e viveu a maior parte da sua vida em Doneraile / Newmarket, no Condado de Cork. (WIKIPEDIA, 2025; UNIVERSAL FREEMASONRY, s.d.).

Sua família de origem pertencia à pequena nobreza anglo-irlandesa local. Seu pai era maçom e Doneraile Court (mansão aristocrática que era a residência da família St. Leger) foi um centro de vida social e política, acolhendo a aristocracia e servindo, também, como local para reuniões privadas, incluindo sessões de maçons (UCC, 2021; IRISH HERITAGE TRUST, 2023). Esse quadro social é central para entender como uma jovem poderia vir a observar (e, segundo a tradição, ser iniciada em) ritos que, em regra, eram masculinos e reservados (CONDER, 1895; UCC, 2021).

A narrativa, amplamente divulgada a partir do século XIX e posteriormente consolidada por publicações maçônicas e locais, descreve que, numa noite de inverno, quando ainda estavam em andamento as obras em Doneraile Court, ela notou que alguns tijolos da parede da biblioteca haviam sido mal assentados. Movida pela curiosidade, ouviu vozes e percebeu luzes através das frestas que davam para uma sala contígua. Aproximou-se, retirou alguns tijolos e passou a observar o que ocorria no espaço adjacente. Ao ser descoberta pelo vigia/porteiro da Loja - que, segundo algumas versões, seria também um servo da casa - foi confrontada pelos maçons ali reunidos. Estes, ao reconhecerem tratar-se da filha do Visconde, decidiram iniciá-la ali mesmo nos graus que haviam sido vistos por ela. Há divergências nos relatos a respeito dos graus a ela conferidos. No entanto, a narrativa descreve que, em vez de ser punida por sua indiscreta curiosidade, os maçons a admitiram para preservar os segredos da Ordem, iniciando-a na maçonaria. (CONDER, 1895; DAY, 1914; WIKIPEDIA, 2025).

Incertezas documentais

Não se sabe ao certo a data/ano da iniciação de Elizabeth Aldworth na maçonaria, mas investigações históricas (incluindo o estudo de Edward Conder publicado na revista Ars Quator Coronatorum) apontam que muito provavelmente foi entre os anos 1710 e 1712. O ano mais citado na tradição é 1712 apesar de diversos pesquisadores admitirem que a confirmação documental está ausente. 

Do ponto de vista material e comemorativo, a memória de Elizabeth Aldworth foi preservada por lápides, por um retrato que a representa usando o avental e as joias maçônicas e por menções em períodos e compilações maçônicas dos séculos XIX e XX. Em Cork existe uma placa memorial, junto ao local do seu sepultamento em St. Fin Barre's Cathedral, colocada pelos maçons de Cork, que menciona seu nome, sua filiação e a data de nascimento (1695) e morte (1775). A placa também menciona o nome da loja em que ela foi iniciada em Doneraile Court (Masonry in Lodge n. 44). 

Estudos críticos sobre o caso distinguem três níveis de afirmação: (1) a existência de Elizabeth St. Leger como pessoa histórica (documentada); (2) a circulação de uma tradição - já no século XIX amplamente relatada em periódicos maçônicos - de que ela foi iniciada; e (3) a ausência de registros maçônicos formais no início do século XVIII que confirmem, sem margem de dúvida, o fato tal como contado pelas tradições locais.

Autores do século XIX (como Conder, por exemplo) buscaram reunir provas e confrontar versões, assim como historiadores locais e curadores de arquivos. Na melhor das hipóteses, o episódio é exceção e foi tratado posteriormente como curiosidade e símbolo mais do que como precedente institucional. Mesmo com as incertezas, Elizabeth Aldworth é citada como a primeira mulher "iniciada" na maçonaria regular e a sua história tem sido evocada por estudiosos de gênero, criações literárias e por organizações maçônicas. Resumindo, ela é, sem dúvida, uma personagem histórica real cuja vida e contexto familiar tornam plausível a ocorrência de uma experiência extraordinária ligada à maçonaria. A posição histográfica mais responsável é, portanto, reconhecer o valor memorial e simbólico do episódio, e manter cautela quanto à sua confirmação documental absoluta.

Referências Bibliográficas

CONDER, Edward. The Hon. Miss St. Leger and Freemasonry. Ars Quatuor Coronatorum, vol. VIII, 1895. Reimpressão e transcrição disponível em: Freemasonry.bcy.ca (reprint). Disponível em: https://freemasonry.bcy.ca/aqc/aldworth.html. Acesso em: 12 set. 2025.

DAY, John (ed.). Memoir of the Honble. Elizabeth Aldworth of Newmarket Court, Co. Cork: who was initiated into the Ancient Order of Freemasonry at Doneraile House, Co. Cork. Cork: Guy & Co., 1914. (Obra consultada em digitalização). Disponível em: https://books.google.com/books?id=CBL3q-ypjToC Acesso em: 12 set. 2025.

FREEMASONRY B.C. & YUKON. The Hon. Miss St. Leger and Freemasonry (Edward Conder, 1895). Freemasonry.bcy.ca, [s. l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.freemasonry.bcy.ca/aqc/aldworth.html. Acesso em: 12 set. 2025.

IRISH EXAMINER. Finn, Clodagh. Inside the secret world of the first lady Freemason. Cork — Irish Examiner, 22 abr. 2023. Disponível em: https://www.irishexaminer.com/opinion/columnists/arid-41121871.html Acesso em: 12 set. 2025.

MUNSTER PROVINCIAL GRAND LODGE. The Lady Freemason. Munster Freemason, [s. l.], [2023?]. Disponível em: https://www.munsterfreemason.com/history/the-lady-freemason/.https://catalogue.nli.ie/Record/vtls000313394. Acesso em: 12 set. 2025.

NATIONAL LIBRARY OF IRELAND — Catalogue. Memoir of the Honourable Elizabeth Aldworth of Newmarket Court, Co. Cork ... (registro de holdings). Disponível em: https://catalogue.nli.ie/Record/vtls000313394. Acesso em: 12 set. 2025.

PURCELL AUCTIONEERS. Memoir of a Lady Freemason. Purcell Auctioneers, Portlaoise, 2023. Catálogo de leilão. Disponível em: https://www.purcellauctioneers.ie/catalogue/lot/4c3217da4c636fb013c6197b1f403137/81b29ab6fa187a02a829c1899b734425/auction-of-the-library-of-the-late-frank-meehan-portla-lot-269/. Acesso em: 12 set. 2025.

UNIVERSITY COLLEGE CORK — Special Collections. HI6091: Elizabeth Aldworth, The Lady Freemason (online work placement). Cork, 29 jan. 2021. Disponível em: https://theriverside.ucc.ie/2021/01/29/hi6091-elizabeth-aldworth-the-lady-freemason-online-work-placement-2020/. Acesso em: 12 set. 2025.

“The Hon. Miss St. Leger and Freemasonry” (reimpressão). Freemasonry.bcy.ca (reprint of AQC article). Disponível em: https://freemasonry.bcy.ca/aqc/aldworth.html. Acesso em: 12 set. 2025. (Nota: essa fonte reproduz o artigo clássico de Conder e é amplamente citada em estudos maçônicos.)

WIKIPEDIA. Elizabeth Aldworth. Última edição consultada em 2025. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_Aldworth. Acesso em: 12 set. 2025.

Sandra Cristina Pedri

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