11 setembro 2025

História das Mulheres na Maçonaria

Transformando Tradição em Modernidade

Fonte: Meta AI
Fonte: Imagem criada por Meta AI.

A Maçonaria é uma das instituições mais antigas e respeitadas da história. Não se tem uma data específica que determine seu surgimento e os dados colhidos são contraditórios, pouco claros e não conclusivos. Não há, portanto, uma fonte segura de quando teve início, por exemplo, o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA). Alguns pesquisadores afirmam que sua origem foi na Inglaterra ou na Escócia e outros apresentam fatos e documentos que atestam sua existência bem anterior na França.

Sabe-se, porém, que no período medieval, com a ascensão das Guildas de Pedreiros e Construtores na Alemanha, Escócia e Inglaterra, os maçons começaram a se estruturar em irmandades e, em 1717, foi criada a Grande Loja de Londres, que admitia apenas homens. É preciso lembrar que, naquela época, as mulheres eram consideradas dependentes dos homens e, em sua maioria, analfabetas, o que dificultava sua participação e admissão, e a Ordem Maçônica passou a ser tradicionalmente associada ao universo masculino.

A Maçonaria tem vivenciado, ao longo do tempo, a inserção feminina em sua história. Esse movimento reflete não apenas uma mudança interna, mas também a evolução da sociedade em direção à igualdade e ao reconhecimento do papel da mulher. Sendo assim, compreender a presença feminina na Maçonaria é reconhecer a importância de vozes que, pela coragem e sabedoria, ajudaram a transformar tradição em modernidade.

A participação feminina na história da Maçonaria

A trajetória das mulheres na Maçonaria não foi linear, mas marcada por marcos simbólicos que abriram portas para novas gerações. Entre as pioneiras, duas figuras se destacam: Elizabeth Aldworth e Maria Deraismes.

Elizabeth Aldworth (1693-1775) era conhecida como "Dama Maçônica da Irlanda" e considerada a primeira mulher a ser iniciada na Maçonaria no século XVIII. Filha de um nobre irlandês e maçom ativo, ela acabou tendo contato direto com rituais maçônicos, circunstância que levou à sua aceitação na Ordem.

Como afirma Stevenson (2008, p. 87), "a presença de Elizabeth Aldworth na Maçonaria demonstra que, ainda em um contexto patriarcal, havia espaço para reconhecer a relevância das mulheres na preservação e transmissão de valores iniciáticos". Sua trajetória, ainda que uma exceção em seu tempo, mostra que a tradição maçônica não esteve completamente fechada à participação feminina.

Maria Deraismes (1828-1894) era francesa e, mais de um século depois de Elizabeth, tornou-se um dos nomes mais importantes da luta pela inclusão feminina na Maçonaria. Jornalista, intelectual e defensora dos direitos das mulheres, ela foi iniciada em 1882, em Paris, tornando-se a primeira mulher a ingressar 'formalmente' em uma Loja simbólica.

Segundo Pike (2019, p. 44), "a iniciação de Maria Deraismes representou não apenas um feito individual, como também uma ruptura nas estruturas maçônicas tradicionais". Foi aí que surgiu o Rito da Maçonaria Mista, também conhecido como Le Droit Humain, que institucionalizou a presença de homens e mulheres em Lojas conjuntas.

Atualmente, a Maçonaria possui lojas exclusivamente masculinas (a grande maioria), mistas e exclusivamente femininas. As duas últimas (mistas e femininas) têm se fortalecido em diversos países, inclusive no Brasil, com fraternidades, associações e Lojas compostas por mulheres que participam ativamente de ações sociais, culturais e educativas. Dessa forma, elas reforçam o compromisso da Ordem com o desenvolvimento humano e a fraternidade universal. A representatividade feminina contribui para que os ideais maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade se concretizem de forma mais inclusiva.

Como vimos, Elizabeth Aldworth e Maria Deraismes viveram em épocas distintas mas sua atuação foi decisiva para a participação da mulher na Maçonaria que, como toda instituição viva, continua a evoluir de modo a permitir que tradição e modernidade caminhem lado a lado em benefício da humanidade.

Referências Bibliográficas

PIKE, William. Women and Freemasonry in Europe: Historical Perspectives. London: Routledge, 2019.

STEVENSON, David. The Origins of Freemasonry: Scotland's Century, 1590–1710. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

VÁZQUEZ, María Eugenia. Maria Deraismes y la Masonería Mixta: Historia de una Iniciación. Madrid: Editorial Complutense, 2016.

Sandra Cristina Pedri



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