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13 novembro 2025

Sociedade Teosófica - Saiba Mais

Desvende a Sabedoria da Teosofia

Blavatsky e Olcott. Copilot.

Você já parou para refletir sobre as grandes questões da existência? Quem somos nós? De onde viemos? Qual é o sentido de tudo isso? Se você é um buscador — alguém que sente que a vida esconde mistérios mais profundos do que aqueles que vemos na superfície — este convite é para você.

A Teosofia, cujo nome significa "Sabedoria Divina", não é uma religião, mas sim uma busca pela verdade que está no coração de todas as grandes tradições filosóficas e espirituais. É um convite para olhar para dentro de nós mesmos e para o universo com uma nova perspectiva, unindo ciência, filosofia e espiritualidade.

Em 1875, na cidade de Nova Iorque (EUA), foi fundada a Sociedade Teosófica com o objetivo de apoiar essa jornada de descoberta. Os principais nomes por trás dessa iniciativa foram Helena Petrovna Blavatsky, uma escritora e pesquisadora russa, e Henry Steel Olcott, um coronel americano que ofereceu apoio e estrutura organizacional ao movimento. Além de seu papel como cofundador da Sociedade Teosófica, Olcott também era maçom, o que reforça sua afinidade com ideais de fraternidade e aperfeiçoamento humano.

Os três grandes objetivos da Sociedade Teosófica são: formar um núcleo de Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor; incentivar o estudo comparado de Religiões, Filosofias e Ciências; e investigar as leis não explicadas da Natureza e os poderes latentes no Homem.

Além de Blavatsky, outras mulheres notáveis contribuíram significativamente para o movimento teosófico:

  • Annie Besant: oradora brilhante e ativista social que se tornou a segunda presidente mundial da Sociedade Teosófica. Sua atuação foi fundamental na divulgação dos ensinamentos e no trabalho pela educação e pelos direitos das mulheres na Índia.

  • Radha Burnier: foi a sétima presidente mundial da Sociedade Teosófica, em Adyar (Índia), liderando a organização por muitos anos.

Sociedade Teosófica no Brasil

A Sociedade Teosófica no Brasil (STB) é a Seção Nacional oficialmente ligada à Sociedade Teosófica mundial criada por Helena Blavatsky e Henry Steel Olcott, que mantém fidelidade à sede internacional localizada em Adyar, Chennai, Índia (SOCIEDADE TEOSÓFICA, [s.d.]). O movimento teosófico organizado no país estabeleceu a sua Seção Nacional em 17 de novembro de 1919, na cidade do Rio de Janeiro, com a liderança de figuras como Raimundo Pinto Seidl (REDALYC, 2016; FILOSOFIA ESOTÉRICA [s.d.]). Atualmente, a sede nacional da STB, que coordena as diversas Lojas e Grupos de Estudos espalhados pelo país, opera em Brasília (DF), no endereço SGAS Quadra 603, N. 20, CEP 70200-630.

A afinidade filosófica entre a Teosofia e a maçonaria é historicamente documentada, remontando ao próprio cofundador Henry Steel Olcott que era um maçom iniciado em 1861 (BIBLIOTECA FERNANDO PESSOA, 2018; SOCIEDADE TEOSÓFICA [s.d]). No Brasil, essa interação manifestou-se em um rico intercâmbio em redes intelectuais e esotéricas no início do século XX, com o teosofismo sendo debatido frequentemente em lojas e grupos maçônicos (REDALYC, 2016). A participação de mulheres teosofistas foi crucial, destacando-se figuras como Nâda Glover, que atuou ativamente em cargos de vice-presidência e tesouraria de Lojas no Rio de Janeiro. Embora a Maçonaria Feminina brasileira esteja se consolidando em organizações distintas, a presença e a liderança de teosofistas femininas contribuíram significativamente para disseminação de ideais de liberdade e fraternidade universal, comuns a ambas as sociedades.

Hoje, a Sociedade Teosófica está presente em mais de 60 países. Ela se mantém como um farol para aqueles que buscam um conhecimento profundo sobre os mistérios da vida e da morte; que querem entender a unidade que existe por trás de todas as aparências; e que desejam encontrar um caminho prático para o autoconhecimento e o serviço à humanidade.

Estudar as obras teosóficas — como A Doutrina Secreta Ísis Sem Véu, de Blavatsky — é mergulhar em temas como a Reencarnação, o Karma, a Constituição do Homem e do Cosmos, e o potencial ilimitado do espírito humano. É um convite para transformar-se e, ao transformar-se, ajudar a transformar o mundo.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

BIBLIOT3CA FERNANDO PESSOA. Maçonaria, Teosofia e Esperanto. 2018. Disponível em: https://bibliot3ca.com/maconaria-teosofia-e-esperanto/. Acesso em: 13 nov. 2025.

BLAVATSKY, Helena Petrovna. A Doutrina Secreta. Tradução de Fernando de Souza Barros. São Paulo: Pensamento, 2006.

BLAVATSKY, Helena Petrovna. Ísis sem Véu. Tradução de Fernando de Souza Barros. São Paulo: Pensamento, 2005.

BESANT, Annie. A Sabedoria Antiga. Tradução de Maria Lúcia de Oliveira. São Paulo: Editora Teosófica, 2007.

BURNIER, Radha. O Espírito da Teosofia. Adyar: Theosophical Publishing House, 1989.

FILOSOFIA ESOTÉRICA. Origem do Movimento Teosófico no Brasil. [s.d.]. Disponível em: https://www.filosofiaesoterica.com/origem-do-movimento-teosofico-no-brasil/. Acesso em: 13 nov. 2025.

HELENA BLAVATSKY BRASIL. Como se deu a formação da Sociedade Teosófica. Disponível em: https://helenablavatsky.com.br/artigos/como-se-deu-a-formacao-da-sociedade-teosofica/. Acesso em: 01 nov. 2025.

IPPB – INSTITUTO DE PESQUISAS PROJECIONAIS. Blavatsky e a Sociedade Teosófica. Disponível em: https://www.ippb.org.br/textos/especiais/mythos-editora/blavatsky-e-a-sociedade-teosofica. Acesso em: 01 nov. 2025.

REDALYC. Maçonaria, religião e culto cívico na atuação de Euclides de Vasconcelos César no Ceará da década de 1920. REHMLAC+, Vol. 8, n. 1, 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/3695/369545832003/html/. Acesso em: 13 nov. 2025.

SOCIEDADE TEOSÓFICA DO BRASIL. Fundadores e Ex-Presidentes. Disponível em: https://sociedadeteosofica.org.br/fundadores-e-ex-presidentes/. Acesso em: 01 nov. 2025.

04 novembro 2025

O Diálogo Socrático na Maçonaria

Autoconhecimento e o Aperfeiçoamento Moral

Imagem Meta AI.
O pensamento Socrático é um conceito derivado do filósofo grego Sócrates. Fundamentalmente, é uma abordagem para o autodescobrimento e a busca pela verdade através do questionamento e do raciocínio. Seu funcionamento está alicerçado em dois pilares principais:

1. Conhece-te a ti mesmo - Esta é a máxima mais famosa de Sócrates. Ele acreditava que a primeira tarefa de toda pessoa é mergulhar em seu próprio interior para conhecer suas virtudes, vícios, limites e potenciais. Para Sócrates, o conhecimento de si mesmo é o ponto de partida para a sabedoria e para uma vida autêntica e ética.

2. Método da Maiêutica e Ironia:

  • Ironia: É o ponto de partida, onde Sócrates fingia ignorância e humildemente questionava os outros sobre seus conhecimentos ou crenças (o famoso paradoxo: "Só sei que nada sei"). Isso levava o interlocutor a reconhecer a própria ignorância e a fragilidade das suas "opiniões" (doxa).
  • Maiêutica (Parto de Ideias): Após a ironia, Sócrates, através de perguntas sucessivas e incisivas, ajudava o indivíduo a "dar à luz" ao seu próprio conhecimento e à verdade (epistéme) que já estavam latentes em sua mente. O conhecimento, portanto, não é transmitido, mas descoberto de dentro para fora.

A Aplicação na Maçonaria

Por ser a Maçonaria uma "escola de aperfeiçoamento moral e intelectual", o pensamento Socrático se encaixa perfeitamente nesse propósito, especialmente na jornada de desenvolvimento de seus membros, o que ocorre já no primeiro grau, ou seja, o grau de Aprendiz. 

Nessa fase, o Maçom é simbolicamente comparado a uma Pedra Bruta — um bloco sem forma, que representa o ser humano em seu estado natural, com suas imperfeições e vícios. Segundo a filosofia maçônica: "O grande filósofo Sócrates ensina ao Aprendiz em filosofia, que a primeira coisa a fazer é aprender a pensar" (FREEMASON.PT, 2021).

Para aplicar o pensamento Socrático em nossa vida incentivamos a prática de três tarefas, conforme a seguir:

A primeira e mais essencial tarefa é a do autoconhecimento. O preceito socrático "Conhece-te a ti mesmo" é o catalisador para que o(a) Aprendiz inicie o trabalho de "desbastar a Pedra Bruta"— ou seja, identificar e corrigir suas próprias falhas. Este é um trabalho que se estende por toda a vida, por isso o Maçom se autodenomina um "eterno aprendiz". Para isso, a Maçonaria faz uso de símbolos, rituais e instruções, incentivando seus membros a uma reflexão constante sobre sua conduta, suas intenções e seu papel no mundo, espelhando a introspecção socrática. 

A segunda tarefa é o estímulo ao Livre Pensar e ao Raciocínio (Maiêutica). A Liberdade de Pensamento é um dos princípios cardeais da Maçonaria. Assim como Sócrates desafiava as crenças dogmáticas, a Maçonaria incentiva seus membros a investigarem a verdade por si mesmos, sem se limitar a pensamentos primários ou opiniões superficiais (FREEMASON.PT, 2021).

O maçom deve defender a "plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano" (UFAC, 2019). Nesse contexto, destaca-se também o princípio da "igualdade" (GOMB, [s.d.]). Infelizmente, ainda hoje, especialmente no Brasil, há quem negue a presença feminina na Maçonaria, alegando que "não existe maçonaria feminina". Essa visão ignora a própria história da humanidade, repleta de exemplos de participação ativa de mulheres na Ordem.

A proibição da iniciação de mulheres na Maçonaria, frequentemente atribuída a James Anderson, aparece nas Constituições dos Franco-Maçons (também conhecidas como a Constituição de Anderson), publicadas em 1723. No século XVIII, a maioria das mulheres sequer sabia ler e escrever, o que dificultava sua presença e participação em Lojas Maçônicas — espaços de compartilhamento de saberes filosóficos, científicos, espirituais, alquímicos etc. As poucas que tiveram acesso à educação, em geral pertencentes à nobreza, começaram a questionar essa exclusão. 

Hoje, o cenário é outro. Segundo o Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres brasileiras têm, em média, maior nível de instrução que os homens, especialmente no que diz respeito à conclusão do ensino superior (Mulheres - 20,7%; Homens - 16,8%). Torna-se imperativo, portanto, aplicar o pensamento Socrático para questionar regras antigas que precisam ser reformuladas à luz do mundo contemporâneo

As Lojas Maçônicas são o palco ideal para o debate filosófico, onde os membros são encorajados a questionar, aprofundar e fundamentar suas convicções — um processo que remete diretamente à Maiêutica.

Na terceira tarefa, portanto, combate-se a ignorância. O paradoxo Socrático — "Só sei que nada sei" — é adotado como postura de humildade intelectual. Reconhecer e admitir a própria ignorância não é um defeito, mas a base para o abandono da opinião (doxa) e a busca pelo conhecimento verdadeiro (epistéme), sendo este o objetivo da filosofia" (FOLHA DO LITORAL NEWS, 2022). 

Esse processo exige que as "opiniões não fundamentadas" sejam descartadas e que se busque o conhecimento verdadeiro. Só assim, conseguimos desenvolver diálogos socráticos que frequentemente trabalham questões éticas.

Em resumo, essas três tarefas transformam a Maçonaria em uma escola moral que usa a reflexão filosófica para moldar seus membros, transformando-os em seres humanos mais justos, íntegros e fraternos. Nesse momento a Pedra Bruta transforma-se em Pedra Polida — um maçom que deve se libertar "das vaidades humanas para se tornar um homem de bons costumes, humilde, justo, fraternal, livre, feliz e perfeito, para então ser a Pedra Polida na construção de uma perfeita sociedade humana" (O BUSCADOR, 2017). Portanto, o pensamento Socrático fornece a metodologia introspectiva e questionadora que a Maçonaria utiliza para auxiliar seus membros a se aproximarem cada vez mais da perfeição moral e ética, transformando-os de forma consciente e ativa, uma vez que são agentes e resultados desse processo.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

FOLHA DO LITORAL NEWS. Opinião (2): o paradoxo socrático na maçonaria. Paranaguá, 03 set. 2022. Disponível em: https://folhadolitoral.com.br/colunistas/maconaria/opiniao-2/. Acesso em: 04 nov. 2025.

FREEMASON.PT. A maçonaria simbólica e a filosofia (II): a jornada do aprendiz. 24 out. 2021. Disponível em: https://www.freemason.pt/a-maconaria-simbolica-e-a-filosofia-parte-ii/. Acesso em: 04 nov. 2025.

GOMB. Os Princípios da Maçonaria. [S.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: https://www.gomb.org.br/Os-Princ%C3%ADpios-da-Ma%C3%A7onaria/. Acesso em: 04 nov. 2025.

O BUSCADOR. A Maçonaria Simbólica e a Filosofia. 07 set. 2017. Disponível em: https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/OBuscador/article/viewFile/5085/4352. Acesso em: 04 nov. 2025.

REDE COLMEIA. Princípio filosófico na Maçonaria. 22 out. 2015. Disponível em: https://redecolmeia.com.br/2015/10/22/principio-filosofico-na-maconaria/. Acesso em: 04 nov. 2025.

UFAC. Desmistificando a Maçonaria: a partir da experiência na A∴R∴L∴S∴ Universitária Prof.ª Carmem Sylvia de Albuquerque Feitosa. Acre, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/download/2433/1573/6307. Acesso em: 04 nov. 2025.

27 outubro 2025

Josefina de Beauharnais e Marie-Henriette Heiniken no Século da Revolução

Duas Mulheres, Dois Caminhos

Josefina e Henriette. Meta AI.

Entre a corte imperial e os campos de batalha, Josefina de Beauharnais e Marie-Henriette desafiaram os limites impostos às mulheres de seu tempo, atuando na maçonaria e inspirando gerações com coragem, inteligência e protagonismo.

No final do século XVIII e início do século XIX, duas mulheres viveram intensamente os acontecimentos que marcaram a Revolução Francesa e o Império Napoleônico: Josefina de Beauharnais, Imperatriz da França, e Marie-Henriette Heiniken, militar e figura ligada à Maçonaria. Embora tenham seguido caminhos distintos, ambas se tornaram símbolos de força e inspiração para mulheres até os dias de hoje.

Josefina, nascida na Martinica em 1763, enfrentou a turbulência da Revolução Francesa, incluindo a perda de seu primeiro marido na guilhotina. Casou-se com Napoleão Bonaparte em 1796 e, em 1804, foi coroada Imperatriz da França. Com elegância e inteligência, Josefina exerceu grande influência na corte, sendo referência em moda, cltura e diplomacia informal. Além disso, ela teve papel ativo na Maçonaria Feminina da época, sendo Grã-Mestre de duas Lojas de Adoção, estrutura maçônica voltada às mulheres, que funcionava sob tutela das lojas masculinas (ISMAIL, 2024). Mesmo após o fim de seu casamento com Napoleão, por não ter gerado herdeiros, Josefina manteve prestígio e respeito, sendo lembrada como uma mulher refinada e estrategista.

Por outro lado, Marie-Henriette Heiniken, também conhecida como Madame de Xaintrailles, viveu uma realidade marcada pela ação direta. Disfarçada de homem, serviu como ajudante de campo do homem que amava, o general Charles Antoine Xaintrailles, durante as Guerras Revolucionárias e Napoleônicas. Participou de combates, incluindo a batalha de Aboukir, em 1799, onde sofreu uma queda de cavalo que a feriu gravemente. Heiniken também esteve ligada à maçonaria: inicialmente seria iniciada em uma Loja de Adoção, mas acabou sendo iniciada na maçonaria regular masculina, recebendo o grau de Aprendiz — um feito extraordinário para uma mulher naquela época. Segundo o Bullock Texas State History Museum, sua iniciação foi motivada pela bravura demonstrada em combate, o que levou os irmãos maçons a reconhecerem seu valor e a admitirem na loja masculina.

Ambas viveram em um mundo em transformação, marcado por revoluções, guerras e mudanças sociais profundas. Josefina, com sua presença na corte e liderança nas Lojas de Adoção, e Heiniken, com sua bravura no campo de batalha e sua iniciação na maçonaria regular, mostraram que as mulheres podiam ocupar espaços de destaque, mesmo em tempos de grande adversidade. Hoje, suas histórias continuam a inspirar mulheres que lutam por reconhecimento, igualdade e protagonismo em diferentes áreas da sociedade.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

ISMAIL, Kennyo. A Maçonaria Feminina. No Esquadro, 20 maio 2024. Disponível em: https://noesquadro.com.br/a-maconaria-feminina/. Acesso em: 20 out. 2025.

BULLOCK TEXAS STATE HISTORY MUSEUM. Portrait of Marie-Henriette Heiniken. American Folk Art Museum, ca. 1800. Disponível em: https://www.thestoryoftexas.com/discover/artifacts/portrait-marie-henriette-heiniken. Acesso em: 20 out. 2025.

23 outubro 2025

Marie-Louise de Monspey

Marie-Louise de Monspey. Meta AI.

Mística, Visionária e Pioneira na Maçonaria Esotérica Francesa

A história da presença feminina na maçonaria começa com episódios marcantes de coragem e ruptura. Elizabeth Aldworth, iniciada por volta de 1712 na Irlanda, é considerada a primeira mulher aceita em uma loja maçônica, apesar de sua entrada ser considerada acidental. Poucas décadas depois, na França, surge Marie-Louise de Monspey, uma mulher que, embora não tenha sido iniciada formalmente em uma loja maçônica como Aldworth, exerceu uma influência profunda e estruturante na maçonaria esotérica como veremos a seguir.

Marie-Louise de Monspey, também conhecida como Églée de Vallière ou Madame de Vallière, foi uma figura marcante da nobreza francesa e uma das mulheres mais enigmáticas e influentes do misticismo europeu no século XVIII. Nascida em 1 de outubro de 1731, na cidade de Saint-Georges-de-Reneins, ela viveu até os 82 anos, falecendo em sua cidade natal em 16 de maio de 1814.

Filha de Joseph-Henri de Monspey, marquês de Monspey e conde de Vallière, e de Marie-Anne-Livie de Pontevès d'Agoult, descendente da tradicional nobreza provençal, Marie-Louise herdou não apenas títulos, mas também uma profunda ligação com o universo espiritual e esotérico. Recebeu o títlo de Condessa de Vallière e tornou-se chanoinesse (canonesa) da abadia de Remiremont, uma prestigiada instituição religiosa que reunia mulheres nobres dedicadas à vida espiritual, mas sem o rigor monástico das ordens tradicionais — o que favorecia o desenvolvimento de estudos místicos e esotéricos.

Ficou conhecida como o "Agente Desconhecido", pseudônimo sob o qual produziu uma vasta obra mística inspirada por visões da Virgem Maria. Ao longo da vida, escreveu mais de cem cadernos com reflexões espirituais, interpretações esotéricas e ensinamentos sobre temas como magnetismo animal, anatomia simbólica e purificação da alma. Segundo Bergé (2009) ela relata em seus manuscritos: "Onde aprendi a escrever? No silêncio de uma reclusão, abatida por uma longa enfermidade, considerando apenas uma decadência iminente. Invoquei meu anjo guardião, e a bateria respondeu. Eis o começo."

Seu trabalho teve papel fundamental na maçonaria esotérica francesa, especialmente no desenvolvimento dos altos graus do Rito Escocês Retificado, ao lado de Jean-Baptiste Willermoz. Esse rito, criado em 1778, combina simbolismo maçônico, ideais templários e espiritualidade cristã, com o objetivo de promover a reintegração moral e espiritual do homem por meio da introspecção, da caridade e da prática das virtudes. Os textos de Marie-Louise foram estudados por maçons de graus superiores, que viam em suas palavras uma ponte entre o simbolismo maçônico e a espiritualidade cristã esotérica.

Em 1785, segundo Bergé (2009), seus cadernos foram entregues a Willermoz por seu irmão Alexandre de Monspey, contendo escritos que ele descreveu como: "milagrosas missivas vindas do Céu, ditadas por espíritos puros." 

Em uma época em que o misticismo feminino era frequentemente marginalizado, Marie-Louise de Monspey conseguiu deixar uma marca profunda e duradoura. Sua obra continua a ser estudada por iniciados e pesquisadores da espiritualidade oculta, revelando uma mulher que soube unir nobreza, fé, sabedoria e coragem em uma trajetória singular. Ela conseguiu deixar uma marca profunda na espiritualidade e na maçonaria esotérica francesa.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

BERGÉ, Christine. Le corps et la plume. Écritures mystiques de l’Agent inconnu. Revue d’histoire du XIXe siècle, n. 38, 2009. Disponível em: https://journals.openedition.org/rh19/3867. Acesso em: 22 out. 2025.

BERGÉ, Christine. Identification d'une femme. Les écritures de l'Agent inconnu et la franc-maçonnerie ésotérique au XVIIIe siècle. In: L’Homme, 1997.

JOLY, Alice. Willermoz et l’Agent Inconnu. Paris: La Tour Saint Jacques, 1962.

18 outubro 2025

Marie-Henriette Heiniken

A Combatente Esquecida da Revolução Francesa

Marie-Henriette. Meta AI.

Marie-Henriette Heiniken nasceu em BerlimPrússia, no século XVIII em data desconhecida. Não há registros disponíveis sobre os nomes de seus pais. Apaixonou-se pelo general Charles Antoine Dominique Lauthier-Xaintrailles com quem manteve uma relação amorosa. Segundo o artigo de Guida (2018), apesar de ter adotado o nome “Madame de Xaintrailles” como sinal de esperança de casamento, a união nunca se concretizou. O casal não teve filhos.

Para acompanhar o general Xaintrailles, Marie-Henriette disfarçou-se de homem e serviu nas Guerras Revolucionárias Francesas como sua ajudante de campo. Demonstrou coragem e habilidade militar em diversas batalhas, destacando-se na recuperação de um parque de artilharia dos prussianos, no salvamento de batalhões franceses em situações críticas e na travessia a nado de um rio para levar informações ao quartel-general, salvando Armée du Rhin (CRUYPLANTS; AERTS, 1912)

Foi afastada do exército por volta de 1793, durante uma purga (exclusão) de elementos femininos das forças armadas francesas. Essa exclusão das mulheres refletia a tentativa de reafirmar normas patriarcais em meio à instabilidade política e social da época.

Em 1795, Marie-Henriette Heiniken retornou ao serviço militar, possivelmente com o apoio de Lazare Carnot, figura influente no governo revolucionário. Sua reintegração pode ter sido motivada por sua comprovada competência militar e pela necessidade de quadros experientes em meio às guerras revolucionárias.

Lazare Nicolas Marguerite Carnot (1753-1823), conhecido como o "Organizador da Vitória", foi engenheiro militar, matemático e político, membro do Comitê de Salvação Pública, criador da levée en masse, diretor do Diretório (1795-1797) e ministro da Guerra em 1800.

Com o término de seu relacionamento com Xaintrailles — que a abandonou em 1798, após anos de convivência e batalhas compartilhadas — Henriette foi enviada ao Egito em missão confidencial por Napoleão Bonaparte. Atuando como ajudante de campo do general Jacques-François Menou, participou da Batalha de Aboukir (1799), um confronto terrestre contra tropas otomanas que haviam desembarcado na costa egípcia. Durante os combates, sofreu uma grave queda de cavalo, o que a levou a se afastar do serviço ativo em 1801 (WHEELWRIGHT, 2020).

Jacques-François Menou, conhecido como Abdallah de Menou após sua conversão ao Islã, foi um importante militar e político francês, deputado da nobreza nos Estados Gerais, presidente da Assembleia Nacional Constituinte em 1790 e comandante na campanha do Egito.

Por volta de 1800, Marie-Henriette Heiniken foi iniciada na Maçonaria na Loja Les Frères Artistes, em Paris, presidida por Jean-Guillaume-Augustin Cuvelier. A loja planejava uma cerimônia de Adoção, voltada às mulheres, mas ao descobrirem sua verdadeira identidade como guerreira combatente, os irmãos decidiram iniciá-la na Maçonaria regular masculina, conferindo-lhe o grau de Aprendiz (GUIDA, 2018).

Sua resposta à proposta de se tornar maçom foi memorável:

“Fui um homem para minha pátria, serei um homem para meus Irmãos.” (GUIDA, 2018)

Apesar de sua bravura, após a queda de Napoleão, perdeu a pensão que recebia do Império Napoleônico — por ter sido antiga companheira do general Xaintrailles —, vindo a morrer em condições precárias (GUIDA, 2018; WIKIPEDIA, 2025). 

Sobre a Pensão Recebida

Segundo a Wikipedia francesa (2025), Marie-Henriette Heiniken desejava receber uma pensão como ex-combatente, mas o reconhecimento oficial veio apenas por sua ligação com o general Xaintrailles, e não por mérito próprio. Morin (2010) relata que Marie-Henriette Heiniken escreveu ao próprio Napoleão Bonaparte, indignada por lhe recusarem a pensão como ex-combatente, alegando que o motivo da recusa era o fato de ela ser mulher e declarou:

"Não fiz a guerra como mulher, fiz a guerra como um bravo." (MORIN, 2010, p. 36). 

Ela também citou na carta que participou de sete campanhas do Reno como ajudante de campo, e que o que importava era o cumprimento do dever, não o sexo de quem o desempenhava.

A pensão foi suspensa em 1814, após a queda de Napoleão Bonaparte e a restauração da monarquia dos Bourbons, com Luís XVIII no trono. Com a mudança de regime, muitos benefícios concedidos pelo Império foram revogados, especialmente os que não estavam formalmente registrados ou que envolviam figuras consideradas controversas, como as mulheres combatentes (WIKIPEDIA, 2025). Assim, após o fim de seu relacionamento com Xaintrailles, que a abandonou, e com o encerramento de sua carreira militar, Henriette enfrentou severas dificuldades sociais e financeiras, vivendo seus últimos anos na pobreza.

Marie-Henriette Heiniken representa um símbolo de coragem, transgressão de normas de gênero e pioneirismo feminino tanto no campo militar quanto na maçonaria. Sua história é frequentemente citada em enciclopédias maçônicas e estudos sobre mulheres guerreiras e maçons.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

CRUYPLANTS, Eugène; AERTS, Winand. Dumouriez dans les ci-devant Pays-Bas autrichiens. Bruxelles: A. de Boeck, 1912.

CRUYPLANTS, Eugène; AERTS, Winand. La Belgique sous la domination française (1792–1815): Dumouriez dans les ci-devant Pays-Bas autrichiens. Paris: Librairie générale des sciences, arts et lettres, 1912. Disponível em: https://archive.org/details/AertsCruyplants1912Bnf34083962b. Acesso em: 17 out. 2025.

GUIDA, Francesco. Una storia di Amore e Massoneria Francesco Guida - Blog, 21 nov, 2018. Disponível em: https://www.francescoguida.org/2018/11/21/una-storia-di-amore-e-massoneria. Acesso em: 17 out. 2025.

MORIN, Tania Machado. As marselhesas no front. Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 6, Nº 63, dezembro 2010, p. 36.

MORIN, Jean-Frédéric. The Two-Level Game of Transnational Network: The Case of the Access to Medicines CampaignInternational Interactions, v. 36, n. 4, p. 309–334, 2010. Disponível em:
https://www.academia.edu/1973122/Morin_J_F_2010_The_Two_Level_Game_of_Transnational_Network_The_Case_of_the_Access_to_Medicines_Campaign_International_Interactions_vol_36_4_p_309_334. Acesso em: 17 out. 2025.

WHEELWRIGHT, Julie. Sisters in Arms: Female warriors from antiquity to the new millennium. Londres: Bloomsbury Publishing, 2020. p. 192-194.

WIKIPÉDIA. Marie-Henriette Heiniken. Disponível em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Marie-Henriette_Heiniken. Acesso em: 17 out. 2025.

      17 outubro 2025

      Julia Apraxin

      Da Aristocracia Vienense à Iniciação Maçônica em Madrid

      Enquanto os movimentos pela inclusão feminina na Maçonaria ganhavam força na França — com figuras como Clémence Royer e Maria Deraismes — e na Hungria, com a condessa Helene Hadik-Barkóczy, na Espanha, uma mulher de origem russa se destacava por sua coragem e determinação: Julia Apraxin. Sua trajetória, ainda pouco conhecida, representa mais um elo da cadeia de mulheres que, no final do século XVIII, mesmo enfrentando forte resistência, conquistaram seu lugar na Ordem rompendo paradigmas e reafirmando o papel feminino na construção de uma Maçonaria mais inclusiva e universal.

      Julia Apraxin. Copilot.

      Julia Alexandrovna Apraxin nasceu em 16 de outubro de 1830, em Viena, capital do Império Austríaco. Era filha do conde Alexandre Petrovich Apraxin, diplomata russo, e da condessa Hélène Bezobrazova, de origem polaco-russa. Há indícios de que seu pai biológico tenha sido o conde Esterházy, com quem sua mãe se casou após o divórcio (VÁRI, 2020).

      Criada entre Viena e o castelo Esterházy em Cseklész (atual Bratislava), Julia recebeu uma educação excepcional para uma mulher de sua época. Estudou línguas, literatura, filosofia, astronomia, história, direito e anatomia. Teve como tutor o renomado acadêmico Toldy Ferenc e frequentava as aulas do professor Lenhossék József (WIKIPÉDIA, 2025).

      Desde a infância, demonstrava talento artístico e literário. Aos oito anos, já atuava em peças teatrais e escrevia poesia. Sua vida social era intensa: frequentava bailes da corte vienense e manteve um salão literário em Buda e Pest, reunindo intelectuais e artistas (VÁRI, 2020).

      Em 15 de outubro de 1849, casou-se com o conde Artúr Batthyány, com quem teve cinco filhos: Ilona Jozefa (1850-1880), Katalin (1852-1885), Artúr Ödön (1854-1874), Georgina (1856-1929) e Tasziló (1858-1863) (FAMILYSEARCH, 2023). Após a morte do marido, casou-se com Lorenzo Rubio di Espinosa, com quem viveu na Espanha até o fim da vida.

      Em 1853, Johann Strauss II dedicou-lhe a polca Tanzi Bäri (O Urso Dançante), comparando-a a uma "condessa domadora de ursos", em alusão à sua habilidade de encantar os homens nos salões vienenses (TETRAKTYS, 2023).

      O momento mais marcante de sua trajetória ocorreu em 14 de junho de 1880, quando foi iniciada na Loja Fraternidad Ibérica, do Grande Oriente Nacional da Espanha, em Madrid. Sua iniciação aconteceu cinco anos após a iniciação de Helene Barkóczy (na Hungria). Julia tornou-se a primeira mulher a ser iniciada em uma loja maçônica masculina regular na Espanha, adotando o nome simbólico de Buda, em homenagem à cidade húngara onde viveu (VÁRI, 2020). A autorização para sua iniciação foi concedida pelo Grão-Mestre Seoane, que reconheceu seus serviços prestados ao exército francês e sua postura "varonil", conforme registrado nas atas da Loja (VÁRI, 2020).

      Embora Julia Apraxin e Helene Hadik-Barkóczy tenham vivido em contextos sociais e geográficos próximos — ambas pertencentes à aristocracia austro-húngara e iniciadas na maçonaria em datas próximas —, não há registros históricos ou acadêmicos que confirmem que tenham se conhecido pessoalmente. Nenhuma correspondência, encontro ou relação direta entre elas foi documentada nas fontes consultadas, incluindo estudos de László Vári, que pesquisou profundamente a trajetória de ambas.

      Julia Apraxin faleceu em 20 de maio de 1913, na Espanha. Embora suas obras literárias não tenham resistido ao tempo, sua vida permanece como símbolo de coragem, erudição e pioneirismo feminino na maçonaria europeia.

      Sandra Cristina Pedri

      Referências Bibliográficas

      FAMILYSEARCH. Julia Alexandrovna Apraxin (1830–about 1917). Disponível em: https://ancestors.familysearch.org/en/L8YH-DJK/julia-alexandrovna-apraxin-1830-1917. Acesso em: 16 out. 2025.

      TETRAKTYS. Julia Apraxin – The First Woman Freemason in Spain. Disponível em: https://tetraktys.co.uk/julia-apraxin/. Acesso em: 16 out. 2025.

      VÁRI, László. Buda, the first woman Freemason in Spain: Life and Career of Countess Julia Apraxin (1830–1913). In: RUIZ SÁNCHEZ, J. L. et al. La masonería: mito e historia en el III centenario de la fundación de la masonería moderna. Vol. 2. Sevilla: Universidad de Sevilla, 2020. p. 889–906. Disponível em: https://www.academia.edu/107872022. Acesso em: 16 out. 2025.

      WIKIPÉDIA. Apraxin Júlia. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://hu.wikipedia.org/wiki/Apraxin_J%C3%BAlia. Acesso em: 16 out. 2025.



      14 outubro 2025

      Clémence Royer - Filiada a Société d'Anthropologie

       Da tradução de Darwin à luta feminista

      Clémence Royer (Clémence-Auguste Royer) nasceu em Nantes (França) em 21 de abril de 1830. Filha única de Augustin-René Royer, oficial militar realista, e Joséphine-Gabrielle Audouard, costureira, Royer foi educada em casa e, aos 10 anos, enviada ao convento do Sacré-Coeur em Le Mans. No entanto, abandonou a fé católica na adolescência e continuou sua educação de forma autodidata, desenvolvendo interesse por filosofia, ciência e feminismo.

      Clémence Royer. ChatGPT.

      Em 1856 (com cerca de 26 anos de idade) estabeleceu-se em Lausanne, Suíça, onde viveu com recursos próprios e dedicou-se ao estudo de filosofia, economia e ciência. Em 1862, traduziu para o francês a obra A Origem das Espécies de Charles Darwin, incluindo uma introdução de 60 páginas que refletia suas próprias ideias evolucionistas, influenciadas por Jean-Baptiste Lamarck (Scientific Women, s.d.). 

      Lamarck foi um naturalista e biólogo francês que propôs uma teoria coerente da evolução das espécies, antes de Darwin, desenvolvendo a ideia de herança de caracteres adquiridos. Para ele os organismos poderiam transmitir às próximas gerações características adquiridas durante sua vida. Ele é considerado um precursor do evolucionismo, embora sua teoria não tenha resistido à seleção natural darwiniana, especialmente porque a genética moderna mostrou que caracteres adquiridos não são transmitidos hereditariamente.

      Essa tradução feita por Clémence Royer foi controversa na época, pois ao incorporar suas próprias interpretações nas páginas iniciais da tradução que fez, acabou gerando críticas tanto de Darwin quanto de outros cientistas.

      Em 1865, Royer iniciou uma união com Pascal Duprat, intelectual francês exilado, com quem teve um filho. Apesar de seu envolvimento intelectual e político, detalhes sobre sua vida familiar são escassos.

      Mais tarde Royer participou ativamente do movimento feminista francês (republicano, laico e racionalista) da Terceira República. Nessa época sua atuação foi mais filosófica e intelectual, defendendo que a ciência e a instrução feminina seriam os instrumentos de emancipação. Sendo assim, ela defendia as mesmas ideias de Maria Deraismes.

      Em 1878, esteve presente no primeiro Congresso Internacional sobre os Direitos da Mulher. No Congresso de 1889 foi convidada por Maria Deraismes para presidir a seção histórica. Em seu discurso argumentou que a introdução do sufrágio feminino (direito das mulheres de votar e serem votadas em eleições políticas) provavelmente levaria a um aumento do poder da Igreja. Sob a liderança de Hubertine Auclert, Maria Deraismes e Clémence Royer passaram a lutar pelo direito ao voto feminino, focando seus esforços na educação, nos direitos civis e na crítica ao poder da Igreja sobre as mulheres. Defendiam a necessidade de uma educação laica que favoreceria o livre-pensamento, pois temiam que mulheres pouco instruídas votassem de forma conservadora, fortalecendo a Igreja Católica.

      Clémence Royer (filósofa, economista, tradutora e feminista francesa) faleceu em 6 de fevereiro de 1902, em Neuilly-sur-Seine, França, com 71 anos de idade.

      Relação com a Maçonaria

      Clémence esteve ligada a círculos de livre-pensamento e à Maçonaria por meio da Société d'Anthropologie de Paris, instituição maçônica de prestígio ligada à ciência e ao pensamento filosófico tendo sido a primeira mulher admitida nesta Sociedade. Embora não haja registros específicos sobre sua iniciação em uma loja maçônica tradicional, sua afiliação a esta instituição indica sua participação em círculos maçônicos e intelectuais (Scientific Women, s.d.).

      Royer é lembrada como uma pioneira do feminismo e da ciência no século XIX. Sua tradução de Darwin introduziu o darwinismo na França e influenciou o pensamento científico da época. Além disso, sua participação ativa no movimento feminista e sua afiliação a Société d'Anthropologie (instituição maçônica) destacam seu papel na promoção da igualdade de gênero e na disseminação do livre-pensamento (Wikipedia, 2025; Scientific Women, s.d.).

      Sandra Cristina Pedri

      Referências Bibliográficas

      ROYER, Clémence. A Origem das Espécies de Charles Darwin. Tradução francesa com introdução de Clémence Royer. Paris, 1862.

      SCIENTIFIC WOMEN. Clémence Royer. Disponível em: https://scientificwomen.net/women/royer-clemence-85?utm_source=chatgpt.com. Acesso em 27 set. 2025.

      WIKIPEDIA. Clémence Royer. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A9mence_Royer. Acesso em 27 set. 2025.

      07 outubro 2025

      Arthur St. Leger

      Um Visconde que Abriu Caminhos para a Mulher na Maçonaria

      Arthur St. Leger. Copilot.
      Para contar a HISTÓRIA DAS MULHERES NA MAÇONARIA, é essencial reconhecer que essa trajetória não se construiu apenas por mãos femininas. Diversos homens atuaram como aliados, defensores e impulsionadores da inserção da mulher nas Lojas Maçônicas, enfrentando resistências e rompendo paradigmas dentro de uma tradição historicamente masculina. Começaremos apresentando Arthur St. Leger, pai de Elizabeth Aldworth.

      Arthur St. Leger, nascido por volta de 1650, foi uma figura aristocrática irlandesa que desempenhou um papel singular e inesperado na história da maçonaria feminina. Elevado ao título de 1º Visconde de Doneraile em 1703, durante o reinado da Rainha Ana, ele também recebeu o título de Barão de Kilmayden, consolidando sua posição como um dos nobres mais influentes da Irlanda (CONDER, 1895).

      Residindo na imponente Doneraile Court, no Condado de Cork, Arthur St. Leger, não apenas exercia influência política e social, mas também era um maçom ativo, envolvido nas atividades da Ordem em que foi iniciado. Sua iniciação provavelmente ocorreu na Irlanda, no início do século XVIII, na Loja Nº 44 de Doneraile, uma loja aristocrática composta por nobres e membros influentes da sociedade local. Embora os registros oficiais da época não tragam a data exata de sua iniciação, há evidências históricas de que ele possuía autorização para realizar reuniões maçônicas em sua residência, reunindo membros da elite local. 

      Foi nesse ambiente que ocorreu um dos episódios mais marcantes da história da maçonaria: sua filha, Elizabeth St. Leger, posteriormente conhecida como Elizabeth Aldworth, teria presenciado acidentalmente os rituais de iniciação de uma loja maçônica reunida na biblioteca da casa. Diante da situação, e para preservar os segredos da Ordem, Arthur e os demais membros da loja decidiram realizar a iniciação formal de Elizabeth, tornando-a a primeira mulher registrada como membro da maçonaria regular (CONDER, 1895; WIKIPEDIA, 2025).

      Esse ato, embora não tenha sido amplamente documentado nos registros oficiais da maçonaria da época, foi preservado por meio de relatos históricos e memórias familiares. A decisão de Arthur St. Leger de permitir a iniciação de sua filha, em vez de puni-la ou excluí-la, revela uma postura progressista e protetora, que rompeu com os padrões rígidos da sociedade patriarcal do século XVIII.

      Arthur faleceu em 1727, deixando como legado não apenas títulos nobiliárquicos, mas também uma contribuição silenciosa e poderosa para a inclusão feminina na maçonaria. Seu gesto, ainda que motivado por circunstâncias excepcionais, abriu caminho para reflexões sobre o papel da mulher na Ordem e inspirou futuras iniciativas de inclusão (CONDER, 1895).

      Ao reconhecer figuras como Arthur St. Leger, o Blog da Fênix Nut presta homenagem não apenas às pioneiras como Elizabeth Aldworth, mas também aos homens que, com coragem e sensibilidade, contribuíram para que a presença feminina na maçonaria deixasse de ser tabu e se tornasse realidade.

      Sandra Cristina Pedri

      Referências Bibliográficas

      CONDER, Edward. The Hon. Miss St. Leger and Freemasonry. Ars Quatuor Coronatorum, Transactions of the Quatuor Coronati Lodge No. 2076, London, 1895. Disponível em: https://freemasonry.bcy.ca/aqc/aldworth.html. Acesso em: 07 out. 2025.

      IRISH MASONIC HISTORY. Elizabeth Aldworth (St. Leger) – The Lady Freemason. Disponível em: http://www.irishmasonichistory.com/elizabeth-aldworth-st-leger-the-lady-freemason.html. Acesso em: 07 out. 2025.

      04 outubro 2025

      A Ordem da Estrela do Oriente

      Uma Ordem Fraternal Mista e Robert Morris

      Antes da fundação da primeira Loja Maçônica Mista, Le Droit Humain (Ordem Maçônica Mista Internacional), criada por Maria Deraismes e Georges Martin em 4 de abril de 1893, surgiu nos Estados Unidos a Ordem da Estrela do Oriente (Order of the Eastern Star – OES), uma das mais antigas e importantes organizações paramaçônicas do mundo, aberta à participação de homens e mulheres.

      Robert Morris. Copilot.
      Dividida em três Eras, conforme o Grande Capítulo Geral, a Primeira Era teve início em 1850, com a criação da Ordem por Robert Morris (1818–1888). Maçom, educador e poeta, Morris buscava oferecer às mulheres ligadas à Maçonaria uma estrutura fraternal própria. Acreditava que a inclusão feminina no espírito maçônico fortaleceria os valores familiares e ampliaria o alcance social da instituição (Macoy, 1876, p. 12).

      Sua esposa, Charlotte Morris, e sua filha, Harriett Morris, estiveram entre as primeiras mulheres a participar ativamente dos trabalhos iniciais, contribuindo para a formulação ritualística e incentivando a participação feminina.

      Em 1866, Robert Morris confiou a Robert Macoy (1816-1895), também maçom norte-americano, a tarefa de organizar e estruturar definitivamente os rituais e os manuais da Ordem. A partir desse momento, a OES entrou na Segunda Era que se estendeu até 1876. Macoy compilou e publicou um Ritual, utilizando o Rosário do Dr. Morris como guia. Este foi o início da organização dos Capítulos, e a Ordem passou a ganhar forma institucional, expandindo-se pelos Estados Unidos e internacionalmente (Macoy, 1876, p. 36). O primeiro Grande Capítulo da Ordem foi organizado em Michigan, em 1867.

      Os Capítulos, equivalentes às Lojas Maçônicas, possuem identidade própria e são dirigidos por uma liderança dupla:

      • Worthy Matron (Digna Matriarca - DM): cargo feminino de maior autoridade.
      • Worthy Patron (Digno Patriarca - DP): cargo masculino, ocupado por um Mestre Maçom.
      Ordem da Estrela do Oriente.

      Essa estrutura reflete a natureza mista da Ordem, com protagonismo feminino desde sua origem. O principal símbolo é a ESTRELA DE CINCO PONTAS, cujas cores e pontas representam cinco heroínas bíblicas:

      1. Adah (azul) - Símbolo da fidelidade;
      2. Ruth (amarelo) - Símbolo da constância;
      3. Esther (branco) - Símbolo da lealdade;
      4. Martha (verde) - Símbolo da fé;
      5. Electa (vermelho) - Símbolo do amor.
      Essas figuras femininas bíblicas foram escolhidas como modelos de virtude e de conduta, tornando-se centrais no ritual e na identidade da Ordem (OES, 2023).

      Finalidade e Atuação

      A Ordem da Estrela do Oriente tem como objetivos principais:

      • Praticar a caridade (apoio a hospitais, bolsas de estudo, ações sociais);
      • Vivenciar rituais simbólicos que reforçam virtudes morais e espirituais;
      • Integrar a família ao ideal maçônico, fortalecendo o papel das mulheres na comunidade maçônica.
      Assim, a Ordem tornou-se uma instituição promotora da solidariedade, valores éticos e formação fraternal, contribuindo para ampliar a presença das mulheres no ambiente maçônico de forma organizada e reconhecida.

      Expansão e Relevância Histórica

      Após sua formalização em 1866, a Ordem da Estrela do Oriente se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos. Em 1876, foi criado o Grande Capítulo Geral, responsável por unificar os Capítulos existentes e padronizar a ritualística, marcando o início da chamada Terceira Era, que se estende até os dias atuais. A partir desse momento, a Ordem começou a expandir-se internacionalmente, alcançando diversos países ao longo do século XX. Atualmente, está presente em mais de 20 nações (inclusive no Brasil), reunindo cerca de 500 mil membros ativos e sendo considerada a maior organização paramaçônica internacional aberta à participação feminina — antecedendo outras formas de inserção das mulheres na Maçonaria, como a Maçonaria Mista (Le Droit Humain) e a Maçonaria exclusivamente Feminina.

      A criação da Ordem, em 1850, marcou um ponto de inflexão na história da Maçonaria, ao permitir que mulheres participassem de forma institucionalizada do universo Maçônico, ainda que em uma Ordem auxiliar e própria. Desde suas primeiras líderes femininas, como Charlotte Morris e Harriett Morris, até sua consolidação internacional, a OES se destaca como espaço de protagonismo feminino e promoção de valores de fraternidade, caridade e moralidade, mantendo até hoje grande relevância no cenário maçônico mundial.

      Dr. Robert Morris

      Robert Morris nasceu em 31 de agosto de 1818, perto de Boston, Massachusetts (EUA), embora algumas fontes indiquem Nova York como local de nascimento. Foi advogado, professor universitário, Grão-Mestre do Estado de Kentucky, poeta proeminente e reverendo da Igreja Presbiteriana. Filho de Robert Peckham (1789-1825) e Charlotte Lavinia Shaw Peckham (1786-1837), era o quarto filho dos cinco filhos do casal. Após a separação dos pais, sua mãe mudou-se para Taunton, Massachusetts, levando a filha bebê, Charlotte, enquanto Robert e seu irmão John permaneceram em Nova York até o falecimento do pai em 1825. Após essa perda, quando Robert tinha sete anos e John, aproximadamente nove, ambos foram morar com a mãe.

      Aos 18 anos, Robert Peckham (seu nome de batismo) deixou a família para ir para o Oeste. Frequentou a Academia de Bristol, em Taunton e, durante esse período, adotou o sobrenome Morris. Não se abe ao certo por que ele fez essa escolha. Uma hipótese é que tenha sido em homenagem a um tutor ou figura paterna que o acolheu, possivelmente John Morris, como algumas fontes indicam. Lecionou na Academia DeSoto, no noroeste do Mississippi, onde conheceu Charlotte Mendenhall, com quem se casou.

      Charlotte Mendenhall Morris: Pioneira da Ordem da Estrela do Oriente

      Charlotte Mendenhall Morris nasceu em Shelby, Tennessee (EUA), filha de Samuel e Sarah Mendenhall. Casou-se com Dr. Robert Morris em 26 de maio de 1841, com quem teve nove filhos, dos quais sete sobreviveram até a idade adulta. Em 5 de março de 1846, Dr. Morris foi iniciado na Loja Gathright, tornando-se Mestre Maçom em Oxford, Mississipi, e servindo como Grão-Mestre da Grande Loja de Kentucky entre 1858 a 1859. Faleceu em 31 de julho de 1888, sendo sepultado em La Grange, Kentucky.

      Em 1850, durante um período de convalescença após um acidente, Dr. Morris e Charlotte desenvolveram os graus iniciáticos da Ordem da Estrela do Oriente, inspirados em heroínas bíblicas que exemplificavam virtudes como caridade, verdade e bondade amorosa. Charlotte faleceu em 14 de agosto de 1893, em La Grange, Kentucky aos 74 anos.

      Sandra Cristina Pedri

      Referências Bibliográficas

      FIND A GRAVE. Charlotte Mendenhall Morris (1818-1893). Disponível em: https://pt.findagrave.com/memorial/58546261/charlotte-morris?utm_source=chatgpt.com. Acesso em 27 set. 2025.

      MACOY, Robert. Adoptive rite and ritual of the Order of the Eastern Star. New York: Masonic Publishing, 1876.

      MORRIS, Rob. História da Ordem da Estrela do Oriente. Disponível em: https://easternstar.org/about/history/?utm_source=chatgpt.com. Acesso em 27 set. 2025.

      ORDER OF THE EASTERN STAR (OES). History of the Order of Eastern Star. Disponível em: https://www.easternstar.org. Acesso em 27 set. 2025.

      ROUNDABOUT MADISON. History Center plans 20oth birthday celebration for Rob Morris. Disponível em: https://www.roundaboutmadison.com/InsidePages/ArchivedArticles/2018/0818RobMorris.html?utm_source=chatgpt.com. Acesso em 27 set. 2025.

      WIKIPEDIA. Order of the Eastern Star. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Order_of)the_Eastern_Star. Acesso em 27 set. 2025.

      30 setembro 2025

      Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa

      O Papel da Mulher e a Inclusão Iniciática na França - Século XVIII

      A história da participação feminina na Maçonaria é marcada por exclusões formais e resistências institucionais, mas também por iniciativas discretas e inovadoras que buscaram incluir mulheres em ambientes iniciáticos. Uma dessas iniciativas foi a criação da Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa, na França, durante o século XVIII. Esta organização paramaçônica permitia a participação feminina em rituais simbólicos semelhantes aos da Maçonaria, embora de forma secreta e restrita (DACAMINO, 2023).

      Imperatriz Josefina. Copilot.

      A Ordem surgiu em um contexto de efervescência filosófica e espiritual, marcado pelo Iluminismo e pela expansão dos ritos esotéricos na Europa. A França, em especial, tornou-se um centro de experimentação iniciática, com o surgimento das Lojas de Adoção, que permitiam a iniciação de mulheres sob supervisão masculina. A Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa foi uma derivação mais simbólica e ritualística desse movimento, com estrutura própria e forte influência rosacruciana (DACAMINO, 2023).

      Embora os registros sobre a fundação da Ordem sejam escassos, acredita-se que ela tenha sido criada entre 1740 e 1760, desaparecendo gradualmente após a Revolução Francesa, por volta do início do século XIX. A instabilidade política e a perseguição às sociedades secretas contribuíram para sua extinção silenciosa (DACAMINO, 2023).

      Entre os nomes femininos associados à Ordem, destacam-se figuras da aristocracia e da elite intelectual francesa. A Duquesa de Bourbon (Maria Teresa Luísa de Saboia-Carignano), por exemplo, foi iniciada entre 1773 e 1775 na Loja de Adoção Saint-Jean de La Candeur, em Paris, tornando-se a  primeira mulher a receber o título de Grã-Mestra das Lojas de Adoção. Ela presidiu a Loja até 1780, promovendo a criação de novas Lojas, incentivando a participação feminina e exercendo forte influência sobre a estrutura da Ordem das Ninfas da Rosa.

      Outro nome que podemos citar é a Imperatriz Josefina, esposa de Napoleão Bonaparte, que, embora não tenha sido iniciada formalmente, foi uma simpatizante ativa e defensora das práticas maçônicas femininas, contribuindo para sua preservação durante o Império Napoleônico. Atuou como Grã-Mestra honorária de Lojas de Adoção, contribuindo para sua preservação e retomada após o colapso revolucionário (DACAMINO, 2023; WIKIPÉDIA, 2023).

      A estrutura da Ordem dividia seus membros entre Cavaleiros (homens) e Ninfas (mulheres), com rituais que envolviam símbolos florais, mitológicos e alquímicos. O objetivo era cultivar virtudes como a pureza, a sabedoria e a fraternidade, por meio de cerimônias que evocavam o ideal rosacruciano de elevação espiritual. 

      Apesar de não ter sido reconhecida pelas potências maçônicas regulares, a Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa desempenhou um papel fundamental na história da inclusão feminina na maçonaria. Ela antecipou movimentos posteriores, como a maçonaria mista e a criação de ordens femininas autônomas, e deixou um legado simbólico que ainda inspira estudiosos e iniciadas.

      Estrutura Ritualística

      A Ordem operava com graus simbólicos e cerimônias que remetiam à tradição rosacruciana e Maçônica, mas com adaptações que permitiam a presença feminina. Os membros eram divididos entre Cavaleiros (homens) e Ninfas (mulheres), e os rituais envolviam símbolos florais, mitológicos e alquímicos.

      A participação das mulheres era vista como essencial para o equilíbrio espiritual da Ordem. Embora ainda supervisionadas por membros masculinos, as Ninfas da Rosa desempenhavam papéis ativos nos rituais e na administração interna da organização. Essa inclusão representava um avanço significativo em relação às restrições impostas pelas Constituições de Anderson (1723), que excluíam formalmente aas mulheres da Maçonaria regular.

      Relação com as Lojas de Adoção

      A Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa pode ser vista como precursora ou paralela às Lojas de Adoção. Ambas compartilhavam o ideal de educação moral e filosófica feminina, mas a Ordem tinha uma abordagem mais simbólica e menos institucionalizada.

      Não há registros oficiais precisos sobre sua extinção, mas acredita-se que tenha desaparecido gradualmente após a Revolução Francesa, por volta do início do século XIX, quando muitas estruturas maçônicas foram dissolvidas ou reformuladas. Embora tenha desaparecido com o tempo, a Ordem deixou um legado importante:

      • Inspirou outras estruturas femininas e mistas.
      • Contribuiu para o debate sobre o papel da mulher na Maçonaria.
      • Antecipou movimentos como o Le Droit Humain e a Maçonaria Mista Moderna.

      Conclusão

      A Ordem dos Cavaleiros e das Ninfas da Rosa representa um capítulo pouco conhecido, mas profundamente simbólico, da história da Maçonaria Feminina. Sua existência revela que, mesmo em tempos de exclusão formal, houve esforços concretos para incluir mulheres em espaços iniciáticos, reconhecendo seu valor espiritual e filosófico.

      Sandra Cristina Pedri

      Referências Bibliográficas

      DACAMINO. O papel da mulher na maçonaria: uma história de exclusão e inclusão. DaCamino Livros Maçônicos. Disponível em: https://dacamino.com.br/o-papel-da-mulher-na-maconaria-uma-historia-de-exclusao-e-inclusao. Acesso em: 29 set. 2025.

      FOLHA2. GONÇALVES, Nelson. A Maçonaria Feminina e Mista no Brasil e no mundo. Folha do Povo. Disponível em: https://www.folha2.com.br/2023/09/maconaria-feminina-no-brasil-e-no-mundo.html. Acesso em: 30 set. 2025.

      LE DROIT HUMAIN BRASIL. Sobre a Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain. Disponível em: https://www.ledroithumainbrasil.com.br/about-1. Acesso em: 30 set. 2025.

      MACONARIA.NET. FIGUEIREDO, Luis de. Maçonaria – Le Droit Humain. Disponível em: https://www.maconaria.net/maconaria-le-droit-humain/. Acesso em: 30 set. 2025.

      SCIELO PORTUGAL. PIRES, Fátima; RUAH, Mery. Mulheres e Maçonaria. Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, Lisboa, n. 34, 2015. Disponível em: https://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852015000200010. Acesso em: 30 set. 2025.

      WIKIPÉDIA. Mulheres e maçonaria. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulheres_e_ma%C3%A7onaria. Acesso em: 29 set. 2025.

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