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17 outubro 2025

Julia Apraxin

Da Aristocracia Vienense à Iniciação Maçônica em Madrid

Enquanto os movimentos pela inclusão feminina na Maçonaria ganhavam força na França — com figuras como Clémence Royer e Maria Deraismes — e na Hungria, com a condessa Helene Hadik-Barkóczy, na Espanha, uma mulher de origem russa se destacava por sua coragem e determinação: Julia Apraxin. Sua trajetória, ainda pouco conhecida, representa mais um elo da cadeia de mulheres que, no final do século XVIII, mesmo enfrentando forte resistência, conquistaram seu lugar na Ordem rompendo paradigmas e reafirmando o papel feminino na construção de uma Maçonaria mais inclusiva e universal.

Julia Apraxin. Copilot.

Julia Alexandrovna Apraxin nasceu em 16 de outubro de 1830, em Viena, capital do Império Austríaco. Era filha do conde Alexandre Petrovich Apraxin, diplomata russo, e da condessa Hélène Bezobrazova, de origem polaco-russa. Há indícios de que seu pai biológico tenha sido o conde Esterházy, com quem sua mãe se casou após o divórcio (VÁRI, 2020).

Criada entre Viena e o castelo Esterházy em Cseklész (atual Bratislava), Julia recebeu uma educação excepcional para uma mulher de sua época. Estudou línguas, literatura, filosofia, astronomia, história, direito e anatomia. Teve como tutor o renomado acadêmico Toldy Ferenc e frequentava as aulas do professor Lenhossék József (WIKIPÉDIA, 2025).

Desde a infância, demonstrava talento artístico e literário. Aos oito anos, já atuava em peças teatrais e escrevia poesia. Sua vida social era intensa: frequentava bailes da corte vienense e manteve um salão literário em Buda e Pest, reunindo intelectuais e artistas (VÁRI, 2020).

Em 15 de outubro de 1849, casou-se com o conde Artúr Batthyány, com quem teve cinco filhos: Ilona Jozefa (1850-1880), Katalin (1852-1885), Artúr Ödön (1854-1874), Georgina (1856-1929) e Tasziló (1858-1863) (FAMILYSEARCH, 2023). Após a morte do marido, casou-se com Lorenzo Rubio di Espinosa, com quem viveu na Espanha até o fim da vida.

Em 1853, Johann Strauss II dedicou-lhe a polca Tanzi Bäri (O Urso Dançante), comparando-a a uma "condessa domadora de ursos", em alusão à sua habilidade de encantar os homens nos salões vienenses (TETRAKTYS, 2023).

O momento mais marcante de sua trajetória ocorreu em 14 de junho de 1880, quando foi iniciada na Loja Fraternidad Ibérica, do Grande Oriente Nacional da Espanha, em Madrid. Sua iniciação aconteceu cinco anos após a iniciação de Helene Barkóczy (na Hungria). Julia tornou-se a primeira mulher a ser iniciada em uma loja maçônica masculina regular na Espanha, adotando o nome simbólico de Buda, em homenagem à cidade húngara onde viveu (VÁRI, 2020). A autorização para sua iniciação foi concedida pelo Grão-Mestre Seoane, que reconheceu seus serviços prestados ao exército francês e sua postura "varonil", conforme registrado nas atas da Loja (VÁRI, 2020).

Embora Julia Apraxin e Helene Hadik-Barkóczy tenham vivido em contextos sociais e geográficos próximos — ambas pertencentes à aristocracia austro-húngara e iniciadas na maçonaria em datas próximas —, não há registros históricos ou acadêmicos que confirmem que tenham se conhecido pessoalmente. Nenhuma correspondência, encontro ou relação direta entre elas foi documentada nas fontes consultadas, incluindo estudos de László Vári, que pesquisou profundamente a trajetória de ambas.

Julia Apraxin faleceu em 20 de maio de 1913, na Espanha. Embora suas obras literárias não tenham resistido ao tempo, sua vida permanece como símbolo de coragem, erudição e pioneirismo feminino na maçonaria europeia.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

FAMILYSEARCH. Julia Alexandrovna Apraxin (1830–about 1917). Disponível em: https://ancestors.familysearch.org/en/L8YH-DJK/julia-alexandrovna-apraxin-1830-1917. Acesso em: 16 out. 2025.

TETRAKTYS. Julia Apraxin – The First Woman Freemason in Spain. Disponível em: https://tetraktys.co.uk/julia-apraxin/. Acesso em: 16 out. 2025.

VÁRI, László. Buda, the first woman Freemason in Spain: Life and Career of Countess Julia Apraxin (1830–1913). In: RUIZ SÁNCHEZ, J. L. et al. La masonería: mito e historia en el III centenario de la fundación de la masonería moderna. Vol. 2. Sevilla: Universidad de Sevilla, 2020. p. 889–906. Disponível em: https://www.academia.edu/107872022. Acesso em: 16 out. 2025.

WIKIPÉDIA. Apraxin Júlia. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://hu.wikipedia.org/wiki/Apraxin_J%C3%BAlia. Acesso em: 16 out. 2025.



15 outubro 2025

Símbolos Maçônicos nas Cidades Brasileiras

Tradição, Influência e Memória

Obelisco em Manaus. Copilot.
Ao cruzar os limites urbanos de diversas cidades brasileiras, é comum encontrar monumentos com o esquadro e o compasso, colunas, pirâmides ou estátuas que remetem à simbologia maçônica. Esses elementos não são apenas decorativos: representam a presença histórica da Maçonaria e sua influência na formação política, social e cultural do Brasil.

O esquadro representa a retidão moral, enquanto o compasso simboliza o equilíbrio espiritual e a busca pelo aperfeiçoamento. A letra G no centro pode remeter a God (Deus) ou à Geometria, ciência fundamental para os construtores medievais, origem simbólica da Maçonaria.

Outros símbolos recorrentes incluem:

  • Colunas J e B: força e estabilidade.
  • Pavimento em mosaico: dualidade entre luz e trevas.
  • Estrela flamejante: iluminação espiritual.
  • Pirâmides: ascensão e sabedoria.

Exemplos de Cidades com Monumentos Maçônicos

Há diversas cidades brasileiras com a presença desses símbolos, especialmente nas entradas, praças e locais públicos, como por exemplo:

  • Cosmópolis (SP): monumento triangular com esquadro e compasso em frente à rodoviária, erguido pela Loja Maçônica 31 de Março nº 152. 
  • Trindade (GO): monumento com o símbolo maçônico e uma estátua, localizado na entrada da cidade.
  • Realengo (RJ): monumento maçônico registrado em pesquisa acadêmica sobre simbolismo no espaço público.
  • Santo André (SP): monumento com três colunas douradas e o símbolo do esquadro e compasso com a letra G, representando igualdade.
  • São Caetano do Sul (SP): pirâmide com símbolos maçônicos em praça pública.

Além dessas, podemos citar: Campinas, Santos, Sorocaba, Presidente Prudente, Itanhaém, Uberaba, Varginha, Campina Grande, Venâncio Aires, Florianópolis, Niterói, Paraty, Angra dos Reis, entre outras. 

Obelisco na Rotatória do Eldorado, em Manaus (AM)

Um exemplo notável é o obelisco localizado na rotatória do Eldorado, no bairro Parque Dez de Novembro, em Manaus (AM). Este obelisco foi construído pela Grande Loja Maçônica do Amazonas (GLOMAM) com o apoio da Loja Esperança e Porvir n.1, fundada em 1872. Totalmente financiado pela Maçonaria, sem uso de recursos públicos. Sua instalação foi autorizada pelo Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb), após solicitação da Ordem. 

Segundo o venerável mestre Tufi Salim Jorge Filho, da Loja Esperança e Porvir n.1, os objetivos da construção do obelisco foram: homenagear as obras filantrópicas realizadas pela Maçonaria no Amazonas; mostrar à população o que é a Maçonaria, seus valores e atuação social; e celebrar os princípios universais da Ordem. O monumento foi inaugurado em julho de 2012, como parte das comemorações dos 347 anos da cidade de Manaus.

Contexto Histórico e Cultural

A Maçonaria brasileira teve papel ativo em momentos decisivos da história nacional, como a Independência, a Proclamação da República e o movimento abolicionista. Lojas Maçônicas foram fundadas por intelectuais, políticos e líderes locais, que muitas vezes contribuíram com obras públicas, educação e filantropia.

Segundo o historiador Michel Silva, a Maçonaria deve ser compreendida como um fenômeno sociopolítico que influenciou a identidade política brasileira desde o século XIX. Já José Castellani, autor de História do Grande Oriente do Brasil, destaca que até 1930 a história da Maçonaria se confundia com a própria história do país.

Sandra Cristina Pedri

Referências Bibliográficas

CMSB. Biblioteca Digital da Confederação Maçônica do Brasil. [S.l.]: CMSB, 2025. Disponível em: https://cmsb.org.br/biblioteca/. Acesso em: 05 out. 2025.

GOB. Biblioteca Virtual do Grande Oriente do Brasil. Brasília: GOB, 2025. Disponível em: https://www.gob.org.br/biblioteca-virtual/. Acesso em: 05 out. 2025.

GOB-SP. Monumentos Maçônicos do Estado de São Paulo. São Paulo: Grande Oriente do Brasil – SP, 2025. Disponível em: https://gobspcultura.org/home/monumentos/. Acesso em: 05 out. 2025.

CASTELLANI, José; CARVALHO, William. História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo: Madras Editora, 2009.

MACEDO, Andrew Jones Rodrigues de. Novo Ordo Seclorum: simbolismo maçom no espaço público e a representação de influência política da ordem. Uma análise sobre secularismo. Seropédica: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Sociais). [arquivos.ufrrj.br]

RODRIGUES, Marcel Henrique. Maçonaria e Simbologia: uma análise do preconceito através da História e da Psicologia. [S.l.]: Academia.edu, 2020. Disponível em: https://www.academia.edu/42017927. Acesso em: 05 out. 2025. 

SILVA, Michel (Org.). Maçonaria no Brasil: história, política e sociabilidade. San José: REHMLAC+, 2015.

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